Em minha mão fechada cabe o dia,
O fogo aleatório dos instantes
e o silêncio que espalham os amantes
quando termina a festa e nada resta.
da luz petrificada entre as montanhas.
Em minha mão aberta cabe a sombra
largada pela vida que me espera
além do inverno, quando a primavera
devolve ao caule a rosa fenecida
e o que foi volta a ser, e toda perda
retorna como um lucro imerecido.
A minha mão sustenta um girassol.
Sou sobra e o excesso, como o vento
ou como a luz incômoda do sol.
Lêdo Ivo.
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